De tempos em tempos, o mundo do áudio apresenta novidades muito interessantes aos que amam escutar músicas, ver filmes e curtir games. Porém, poucas delas são tão revolucionárias quanto a tecnologia Dolby Atmos, que tem o potencial de simplesmente transformar a audição musical.
O que é Dolby Atmos
Com o objetivo de reforçar o efeito de espacialidade, o recurso é extremamente imersivo e realista, gerando uma experiência única ao ouvinte. Para isso, a tecnologia trabalha com a verticalização dos sons, tratando-os como objetos a fim de simular um áudio 3D. Na prática, o ouvinte consegue ter noção se o sinal vem não só das laterais, mas de baixo ou de cima também.
Daniel Martins, gerente de vendas da Dolby Laboratories da América Latina, explica que a tecnologia Dolby Atmos oferece uma experiência de som tridimensional que se adapta ao aparelho de reprodução. “Imagine poder ouvir as músicas de que mais gosta da mesma maneira que escutaria ao vivo, com realismo e imersão. Tudo isso conforme a idealização artística realizada durante o processo criativo”, afirma.
O Dolby Atmos teve sua estreia oficial em 2012 nos cinemas, com o filme Brave, da Pixar. De lá para cá, vem sendo aprimorado e utilizado em diversas mídias – nesse sentido, a aplicação em músicas tem se popularizado de forma bastante expressiva nos últimos anos.
Como funciona
Quando as gravações sonoras surgiram, o sinal era mono. Ou seja, de apenas um canal. Depois, vieram as gravações em estéreo, que dividem o sinal em dois canais: o lado esquerdo e o direito, sendo o padrão das produções musicais até os dias atuais.
Mais tarde, pensando especialmente em filmes, surgiu o recurso de multicanais, incluindo o 5.1 e o 7.1. Agora, o efeito surround é levado a outro patamar pela tecnologia Dolby Atmos. Ela pode trabalhar com até 64 falantes, mas também é eficaz em equipamentos mais simples, como headphones. “O recurso está disponível em fones de ouvido, celulares, computadores, televisões, caixas conectadas, barras de som, home theaters e até mesmo nos cinemas”, garante Daniel.
Para criar esse efeito espacial, primeiramente o áudio precisa ser gerado em Dolby Atmos. Isso quer dizer que, seja um filme ou uma música, a produção necessita ser realizada pensando na tecnologia. É até possível converter uma música já finalizada em estéreo para Dolby Atmos, mas o efeito não será tão imersivo quanto o de uma canção originalmente mixada com o recurso. Por isso, o que muitos artistas têm feito é remixar seus catálogos antigos em Dolby Atmos.
“Em uma mixagem convencional estéreo, usamos várias técnicas para criar um espaço em duas dimensões. Já em uma mixagem Dolby Atmos, podemos colocar os sons dentro de um espaço em três dimensões, com largura, profundidade e altura”, afirma o gerente da Dolby Laboratories.
Aplicação em músicas
Muitos artistas atuais têm apostado na tecnologia, mixando seus trabalhos em Dolby Atmos. Além disso, as plataformas musicais estão facilitando a utilização do recurso pelos ouvintes. A Apple Music, por exemplo, oferece o áudio espacial para seus clientes e até disponibiliza playlists específicas de canções mixadas em Dolby Atmos.
Falando do gênero gospel, a primeira música brasileira produzida em Dolby Atmos foi “Lázaro”, de Ton Carfi. Lançada em 2021, a faixa contou com produção de Ed Oliver e mixagem de Maycon Mendes. Porém, a lista de artistas brasileiros que aderiram à tecnologia imersiva cresce a cada dia, incluindo nomes como Aline Barros, Anderson Freire, Cassiane, Bruna Karla, Midian Lima, Elaine Martins, Kleber Lucas, Samuel Miranda e Elizeu Alves, entre muitos outros.
Aliás, Daniel tem uma dica especial para os amantes do gospel: “Recomendo dar uma conferida na playlist ‘Música Cristã em Áudio Espacial’ da Apple Music”.
Como utilizar
Para escutar em Dolby Atmos, é necessário que o equipamento tenha suporte para a renderização da tecnologia. Ao mesmo tempo, o serviço que executa os áudios também necessita dispor do recurso. Isso quer dizer que tanto o aparelho quanto o app que estão reproduzindo as canções devem ter suporte a Dolby Atmos.
De acordo com Daniel, além da Apple Music, as plataformas Tidal e Amazon Music também fazem parte do time que distribui Dolby Atmos. O recurso ainda pode ser ativado em aparelhos de praticamente todas as grandes marcas, como Samsung, LG, TCL, Bose, Beats, JBL, Sonos, Sony e muitos outros.
Ou seja, o som espacial e imersivo indica que esse é um caminho sem volta para o mundo do áudio. “Para finalizar, gostaria de repetir as palavras de Samuel Lindley, vice-presidente sênior da Universal Music Group: ‘Dolby Atmos é uma nova maneira de se expressar na música. Passamos de pintores a escultores’”, conclui o profissional.